Contra os mitos do 'No Fap Movement'

A maioria das pessoas nunca ouviram falar do movimento 'no fap' e não tem problemas nenhum com a masturbação. Uma pequena parcela da população masculina, tem problemas sexuais diretamente relacionados a algum distúrbio fisiológico (ou seja, do funcionamento) peniano (~10%) e, dentre essa parcela apenas 9% está relacionado a baixa de testosterona. E quando disgnosticado, por dosagem sérica laboratorial, deve ser tratado com medicação por meio de terapia de reposição hormonal. Resumindo, pessoas que apresentam hipogonadismo, necessitam de diagnóstico laboratorial para indicar a reposição medicamentosa do hormônio e só com isso a condição anômala pode ser corrigida.

Outros fatores e hábitos de vida podem predispor o quadro de baixa hormonal, como é o caso principalmente do uso de drogas, álcool e tabaco, e pode ser relacionado também a dietas pobres em gorduras e proteínas de origem animal (veganismo e vegetarianismo) e facilmente desenvolvidos em casos de abuso de esteróides sem indicação terapêutica (o que geralmente acontece com intuito de ganho rápido de massa muscular por motivos estéticos ou esportivos).

O uso exclusivo da masturbação assim como o uso exagerado dela podem gerar disfunção mais psicológica e de adição (vício) com repercussões mais intensas no bem-estar geral e auto-estima, sem necessariamente causar nenhuma alteração da testosterona a curto ou longo prazo. Nesses casos, a abstinência da masturbação pode gerar uma melhora do quadro geral, bem-estar mais por redução do processo de culpa de saciar o vício e de sensação de maior estabilidade emocional por não fazer uma drenagem completa dos neurotransmissores de prazer em algum momento do dia como anteriormente.

Mais além, numa tentativa de abandonar o hábito da masturbação, os individuos tendem a adotar outros hábitos mais saudáveis de vida (como atividade física regular e abandono de outros vícios geradores do problema inicialmente, sendo tabaco e drogas os primeiros fatores de risco para impotência sexual). Fatores esses que devem ser mais relevantes até pra um aumento de testosterona, se for o caso de um hipgonadismo leve e relacionado a hábitos de vida. O próprio aumento de massa muscular sobre gordura no corpo já pode causar um aumento de testosterona nos homens assim como um melhor equilíbrio do eixo hormonal hipófise-hipotálamo-ovário nas mulheres.

Com tudo isso dito, é importante que se entenda que a masturbação não é um substituto permanente do sexo, o uso exclusivo da masturbação pode ser nocivo pelo engatilhamento de vício e fácil saciedade sexual. Com o tempo, o indivíduo não se sente satisfeito mais com o prazer rápido e fácil da masturbação, o número de vezes tem que se intensificar ou modificar drasticamente para dar a mesma satisfação e com o tempo a perda da sensibilidade é inevitável e castradora. Dessa forma, é importante entender a aplicabilidade da masturbação a princípio.

A masturbação é algo natural praticado por vários seres vivos animais e não apenas o homem¹, com o intuito de saciar uma urgência sexual. Incia-se na vida bem jovem ainda sem entender o significado do prazer muitas vezes com o ganho da sensação prazerosa que não necessariamente vai ser moldada em prazer sexual e entendimento do corpo e da libido. E muito desse processo depende em grande parte da influência do meio como julgadora e ditadora de crenças e conhecimentos.

Uma criança punida, humilhada ou violentada por se "tocar em local não-adequado" ou que ouve que se masturar é pecado, errado ou demoníaco, vai sem dúvida alguma, desenvolver um sentimento de culpa e negação ao se masturbar. Ou ainda, que vai afinar o pênis, perder a virilidade ou ficar ficar impotente ou infértil. Convenhamos que este será um alvo fácil para movimentos que vêm reafirmar mitos e medos que foram enraizados tão precocemente em suas mentes.

A masturbação é uma forma muito gostosa de conhecer o próprio corpo e do parceiro e não contra-indica o sexo, muito pelo contrário pode ser muito adequadamente aplicado no ato sexual. Sem tentar visualmente explicar o ato, sozinho ou acompanhado, a aplicabilidade da masturbação nos jovens é de grande importância para o conhecimento de seu próprio órgão sexual e de seus gostos e limites. Lembre-se que ritmo e espessura são fatores muito relevantes na hora do sexo. Então, conheça as suas preferências e dê as dicas.

Na hora do uso a dois, é importante que se tenha uma certa cumplicidade e liberdade, e imprescindível que se tenha o consentimento. Além disso, você pedir com jeitinho faz ficar td mais quente e molhado, se vcs me entendem... Então, peça pra fazer uma troca ou um revezamento e aproveite a sensação ainda melhor que de se saciar você mesmo. Uma delícia! Um toca o outro e explica o ritmo, o local e td mais. Se não vai na fala vai no jeito. Mas conselho de amiga, conversa é a melhor maneira sempre.

Um toque extra e final pros meninos: a masturbação antes do sexo pode ajudar a durar mais e masturbar a garota durante o sexo faz ela gozar mais vezes e você se sentir o tal. Mas, lembre-se de pedir ou perguntar se ela curte, tem muita menina que também faz parte do movimento no fap ou que simplesmente tem tanto pudor de si mesma que nunca se permitiu tocar. E eu digo isso com absoluta certeza pois, quem conhece orgasmo não fica sem.

Agora, atacando os mitos e os pseudo-estudos divuldagos pelo movimento:

Estudos verificaram um pico de testosterona ao sétimo dia pós-abstinência de ejaculação que volta ou normal no oitavo dia sem fator aparente. Outros estudos mostram que a testosterona não se altera independente de ejaculação resultante de sexo ou masturbação. E a sensação de sono pós-orgasmo não é exclusiva dos homens e não tem a ver com perda de nutrientes pelo sêmen. O sono pós-orgasmo é comum em ambos os sexos e relacionados a neurotransmissores no cérebro, envolvidos com prazer, saciedade e sono.

Este mito corrobora para os seguidores do movimento que alguns nutrientes como o zinco estariam sendo perdidos, porém esses componentes que fazem parte do líquido seminal e são eliminados na ejaculação não voltariam ao sistema como reposição mesmo que mantida abstinência.

É claro que se tem um monte de experiências pessoais cheias de erros de confirmação tendenciosas, de que sentem-se melhor após abstinência, reza, comprimidos com açúcar (mais conhecidos e usados como placebos em estudos científicos inclusive)... Mas nenhum deles quer admitir os outros fatores que trouxeram essa melhora da disposição e bem-estar e auto-estima, a substituição do hábito da masturbação às vezes exagerado (que consideram sujo, eliminando o fator psicológico, a partir de então) por uma maior conscientizaçao e atenção a própria saúde (na maioria das vezes, indo a aacademia, se alimentando e dormindo melhor) além de eviar outros hábitos que considera negativos.

E dessa forma, deturpam o movimento e a causa e a capacidade de ajudar as pessoas que realmente precisam. Alguns por modismo, outros por interesses comerciais, vendem cursos online ou aumentam sua audiência. Mas não ajudam aqueles que realmente precisam de um diagnóstico e tratamento correto. E, e por isso que eu tenho lutado contra os achismos e os seguidores sem evidência.

Se vc melhorou só de se abster, saiba que, na realidade vc não tem problema fisiológico nenhum. Talvez psicológico sim, mas se vc realmente tem baixa hormonal, só vai ter melhora com reposição. Procure um profissional e diagnóstico adequado.

Ainda vou falar muito mais desse assunto então, fiquem ligados. Esse foi só um chute inicial de aquecimento.

Referências Bibliográficas:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1... (pic on the 7th day, no changes after all - Hypothesis: multi-factorial effect either/or Weekly evolutionary selected pattern?) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2... (T in female sexual desire) http://www.bumc.bu.edu/sexualmedicine... (androgen deficiency around menopausa) https://www.sciencedirect.com/science... (pornography and violence) https://joe.bioscientifica.com/view/j... (sex vs masturbation vs T leves) https://www.healthline.com/health/mas... (article with any studies )